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Cicatrizes em abdominoplastia

Quem atua direto com pós-operatório de cirurgia plástica já viu vários tipos de cicatrizes. Não estou me referindo a qualidade da cicatriz, mas sim a localização, formato e comprimento das cicatrizes suprapúbicas. Isso porque ao longo dos anos várias técnicas de abdominoplastia foram sendo desenvolvidas/criadas por cirurgiões plásticos, e cada uma com um formato e localização da cicatriz suprapúbica.

HISTÓRICO DAS ABDOMINOPLASTIAS

A primeira referência à cirurgia plástica abdominal data de 1880, quando Demars e Marx, na França, relataram a ressecção de pele e gordura do abdômen.

Kelly, em 1899, foi provavelmente o primeiro a usar a expressão lipectomia abdominal, para correção de abdômen em avental, onde realizava a excisão dermoadiposa transversal incluindo o umbigo, que era ressecado sem nenhuma tentativa de reconstruí-lo.

Gaudet e Morestin, em 1905, realizou a ressecção de pele e gordura associada à hernioplastia umbilical, preservando o umbigo, com quase nenhum descolamento da parede.

Babcock, em 1916, e Schepelmann, em 1918, advogaram a ressecção elíptica xifopubiana com remoção do umbigo.

Flesch-Thebesius e Weisheimer, em 1931, realizaram a primeira ressecção transversa infraumbilical, em forma de crescente, com pequeno triângulo em sua parte mediana superior, que envolve o umbigo. A cicatriz resultante situa-se em posição muito elevada em relação ao púbis.

Em 1939, Thorek abaixa um pouco mais o nível da ressecção, conservando pela primeira vez o umbigo, que é transporto ou “enxertado”.

Somalo, em 1941, advogou o termo dermolipectomia para as remoções estéticas do panículo adiposo abdominal.

Em 1942, Thorek, apresenta sua técnica transversa infraumbilical e mostra outro tipo de ressecção na região supraumbilical. Essa incisão, chamada de “asa de morcego” invertida, parte do apêndice xifoide e termina na parede lateral do abdômen, na altura do rebordo costal.

Em 1956, Andrews apresentou a técnica com três características fundamentais:

  • Incisão côncava para cima, com parte mediana tangenciando o monte de Vênus e as extremidades laterais atingindo os rebordos costais,

  • Ressecção da camada de tecido adiposo, correspondendo à face profunda do retalho, em toda a sua extensão.

  • Ressecção do umbigo realizada mediante incisão circular no local ideal, com ressecção do cone dermoadiposo de base inferior e fixação das bordas à aponeurose. Deixando a pequena área cruenta central cicatrizar por segunda intenção.

Vernon, em 1957, associou a incisão transversa de Thorek ao descolamento do retalho abdominal superior e a transposição do umbigo.

Mas foi a técnica descrita por Callia, em sua tese de doutorado, em 1965, que estabeleceu vários princípios importantes. Nela, a parte mediana da incisão fica situada sobre o púbis e os seus prolongamentos laterais são paralelos e sob arcadas crurais, além de preconizar a aproximação dos retos abdominais sem abertura aponeurótica. Essa técnica deixou a cicatriz em zona escondida das vestes, este tipo de incisão abriu nova fase na história das lipectomias, ampliando muito o número de indicações.

Pitanguy, em 1967, posicionou a incisão transversa suprapúbica, curvando-a lateralmente para baixo, com amplo descolamento e transposição do umbigo, com plicatura da aponeurose anterior para corrigir o afastamento dos músculos retos do abdômen. Mais tarde, em 1974, concluiu que as vertentes laterais poderiam se curvar para baixo ou para cima, dependendo do caso.

Em 1968, Rebello sugeriu que as extremidades laterais da incisão não ultrapassassem uma linha imaginária tangente à implantação pilosa do monte-de-venus.

Serson Neto e Martins, em 1970, advogaram a ressecção dermoadiposa realizada em bloco, antes do descolamento do retalho, baseado num desenho geométrico que avalia o quanto remover.

Em 1972, Rebello e Franco propuseram a ressecção da adiposidade localizada no abdômen superior, através de incisão situada no sulco submamário.

Em 1976, Avelar descreve a técnica de umbilicoplastia, a qual reduziu significativamente a incidência de estenoses umbilicais.

Psillakis, em 1978, tratou a flacidez músculoaponeurótica descolando os oblíquos laterais e fixando-os à aponeurose dos retos abdominais, modelando também a cintura.

A partir de 1980, com o advento da lipoaspiração introduzida por Illouz, houve um grande progresso na abordagem da região abdominal, com mudanças na indicação das abdominoplastias, subdividindo-as em lipoaspiração, lipoaspiração com pequena ressecção de pele suprapúbica e abdominoplastias tradicional com lipoaspiração complementar do dorso e flancos.

Richard Greminger, em 1983, preconizou a miniabdominoplastia, onde realiza uma incisão junto aos pêlos pubianos, descolamento do retalho até o umbigo, plicatura da região umbilical ao púbis e lipoaspiração posterior ao descolamento.

Farid Hakme, em 1985, descreveu a miniabdominoplastia associada à lipoaspiração. Após uma lipoaspiração profunda, realiza uma incisão baixa de 20-24 cm, descola o retalho cutâneo adiposo até o rebordo costal, deixando o pedículo umbilical aderido na linha alba e realiza a plicatura xifo-púbica.

Ronildo Storck, em 1986, realizou uma incisão semilunar de 12-14 cm dentro dos pêlos pubianos, lipoaspiração profunda, plicatura xifo-púbica, desinserindo o pedículo umbilical, três anos depois, em 1989, Carlos O. Uebel apresentou a técnica de lipominiabdômen.

Illouz, em 1990, publicou a técnica de abdominoplastia sem descolamento associada à lipoaspiração superior e neo-onfaloplastia. Saldanha et al, baseados nos trabalhos de Illouz, descreveram brilhantemente a lipoabdominoplastia.

Em 1998, Baroudi et al. defendem o emprego de pontos capitonados a partir do processo xifoide até a borda inferior da incisão do púbis em linhas. São passados cerca de 35 a 45 pontos com fio absorvível 2-0 ou 3-0, distanciados cerca de 4 ou 5 cm entre si, que fixam a aponeurose muscular ao tecido adiposo, com o intuito de prevenir o seroma.

No ano de 2000, Avelar apresentou um trabalho em que retira pele parcial da região suprapúbica, sem descolamento do retalho infraumbilical e sem ressecção do panículo e tecido conectivo, preservando a cicatriz umbilical.

Este texto faz parte do capítulo 18 sobre Abdominoplastia do livro "Fisioterapia Dermatofuncional aplicada a cirurgia plástica".

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